Entre 26 e 29 de janeiro, os olhares dos editores de moda estavam nas passarelas de Paris, acompanhando os detalhes dos desfiles de alta-costura, com produções dignas de editoriais ou para arrancarem suspiros nos tapetes vermelhos. Tradicionalmente, é nesse espaço que a moda adquire o aspecto mais lúdico e conceitual, sem deixar de mirar também as principais tendências do mercado e o gosto das (restritas) consumidoras.

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Para fazer parte da Chambre Syndicale de la Haute Couture algumas regras devem ser seguidas: as peças criadas são praticamente exclusivas, com encomendas sob medida, produzidas por equipes reduzidas, que fazem um trabalho manual na confecção das peças. Os detalhes (que são muitos), como bordados e pedrarias são desenvolvidos cuidadosamente para integrar esse clima de exclusividade. Para se ter ideia do trabalho e detalhes envolvidos na produção desses modelos, a Dior divulgou um vídeo mostrando a elaboração da coleção desse ano, da confecção ao desfile.

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Apesar das regras e consumidoras exigentes, os desfiles revelaram que há uma preocupação em atualizar a alta-costura com modelos, tendências e tecidos que estão em evidência. Aterlier Versace, por exemplo, apostou em um desfile sensual, com muitas fendas, recortes que exibiam a pele e duas apostas: o tecido neoprene e os macacões, que invadiram a moda nas últimas estações. A Dior, com um desfile inspirado no visual andrógino de David Bowie e seu estilista na década de 70, Kansai Yamamoto, também apostou no neoprene para destacar e dar estrutura ao tradicional visual New Look, com cintura marcada e saias com ares de princesa, além dos macacões estampados.

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Menos sensual e mais delicado, algumas grifes apostaram no romantismo. Com o tema de ‘jardinagem’ e recriando uma verdadeira estufa com mais de 300 flores de papel, a Chanel mostrou que para a Primavera-Verão da alta costura, a estampa floral ganha delicadeza e se rendeu ao comprimento cropped, exibindo a barriga em modelos femininos e delicados. Nesse clima mais romântico, Valentino exibiu uma coleção digna de princesa, com vestidos elaborados, estampas florais misturadas com desenhos étnicos.

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Seguindo a discussão iniciada na Semana de Moda de Paris, que ganhou os noticiários por mulheres desfilando peças masculinas e a nudez de modelos, Jean Paul Gaultier, com seu desfile inspirado em casamento, conseguiu juntar na mesma peça o vestuário do noivo e da noiva. Com mais sutileza, outros desfiles mostraram que o estilo boyish, com a inspiração no armário masculino, terá espaço também na alta-costura, com o blazer bem ajustado ao corpo das mulheres.

Apostando em tendências para se rejuvenescer, os desfiles de Paris indicam que ainda há espaço para criar peças originais e elegantes sem perder o foco no gosto da consumidora atual, que exige diversidade e peças versáteis. Com desfiles conceituais, é na alta-costura que a moda ainda nos faz debater e se inspirar!

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