Um tempo atrás contamos um pouco mais sobre a história de Christian Dior e como o estilista conseguiu, ao longo dos anos, criar uma das maiores marcas do ramo fashion do mundo. Hoje, chegou a hora de falarmos da Chanel, que já apareceu indiretamente aqui quando falamos de seus casaquinhos de tweed.
Nascida em uma família francesa simples, Gabrielle Bonheur Chanel, teve uma infância difícil. Aos doze anos, após a morte de sua mãe, foi enviada a um orfanato, onde convivia com outras meninas que eram cuidadas pelas freiras da região.
Quando recordava sua infância, anos depois, Chanel disse: “Desde a infância, tive certeza que haviam tirado tudo de mim, que tinha morrido. Soube disso aos12 anos. Pode-se morrer mais de uma vez na vida.”.
Assim que completou 18 anos, mudou-se para um pensionato, e aos 20 anos passou a trabalhar como costureira, e nas horas vagas, em um bar frequentado por oficiais da cavalaria, e foi lá que recebeu seu apelido de “Coco”. No livro de Hal Vaughan, ele explica: “nome extraído de uma cançoneta de seu repertório, ou talvez um diminutivo de cocotte, termo francês para uma mulher sustentada por amantes.”.
É importante lembrarmos que nessa época estava para estourar a 2ª Guerra Mundial, e isso acabou influenciando muito sua vida, e até sua marca.
Alguns anos depois, com toda sua beleza e charme, Chanel conquistou o coração de um ex-oficial, Étienne Balsan, e largou seu emprego no bar e foi morar no castelo de Balsan. Ele, vindo de uma família de industriais têxteis, ensinou Chanel todos os macetes da vida de uma dama da alta sociedade parisiense e pouco tempo depois, Gabrielle já havia deixado sua vida miserável para trás.
Balsan, Capel e Chanel | Chanel e Capel
Pouco tempo mais tarde, apaixonou-se por Arthur Capel, amigo de Balsan. Capel era conhecido pelo apelido de Boy, e também era de uma família rica francesa. No mesmo ano, Boy certificou-se que Chanel estaria instalada em um apartamento em Paris e a ajudou-a a criar um ateliê de chapéus femininos. Foi ele também que financiou a expansão dos negócios de Chanel, fazendo-a entrar no ramo de moda feminina.
“Entre 1914 e 1918, os anos da Grande Guerra, Chanel ocupou um apartamento que dava para o Sena e o Trocadéro; estava em vias de conquistar uma enorme fortuna. Logo depois, chegou a empregar trezentas operárias numa linha de confecções de malha. Mais tarde, inaugurou sua casa-butique que se tornaria uma referência fundamental em Paris, na rue Cambon, 31, atrás da elegante place Vendôme. Lá, começou a transformar a Maison Chanel num símbolo do estilo, do requinte e da qualidade artesanal da França. Com os negócios prosperando, Chanel criou mais tarde “lês Tissus Chanel’ para reproduzir tecidos de alta qualidade.”
(Dormindo com o Inimigo – A Guerra Secreta de Coco Chanel. VAUGHAN, Hal)
Boy e Chanel
Eles ficaram juntos por onze anos, mas como Chanel nunca seria uma moça da alta sociedade, Boy acabou se casando com a filha de um lorde francês, com quem teve um filho, o que ainda não o impedia de continuar tendo Chanel como sua amante. Infelizmente, alguns anos depois, Boy sofreu um grave acidente e morreu, deixando uma boa parte de sua fortuna à Chanel.
Quando a aristocracia chegou ao final, Chanel finalmente teve sua chance e tornou-se um símbolo. Quando tinha 35 anos, lançou um estilo de roupas simples, e caras. Os famosos conjuntos de viagem em malha de lã e blusa de alfaiataria, vestidos esporte e sapatos baixos, dando às mulheres mais simplicidade ao se vestirem, deixando-as mais confortáveis. Chanel chegou aos Estados Unidos, e era o must have da época, e foi quando finalmente, comprou sua primeira mansão.
“Os desenhos de Chanel exploravam a simplicidade cara – dando às mulheres ricas uma aparência quase de pobres – e ela ganhou milhões com isso. A genialidade, a generosidade, a loucura de Chanel, somadas ao sarcasmo, a um humor letal e à sua destrutividade maníaca, intrigavam e amedrontavam a todos.”
(Arthur Gold e Robert Fizdale).
Apesar de seu sucesso, no inicio da guerra, Gabrielle resolveu fechar as portas de sua Maison. Demitiu todas as suas funcionárias e encerrou sua marca que estava apenas no inicio do sucesso. Os tempos de guerra foram difíceis para ela. Seu contato com políticos alemães fez com que Chanel se tornasse fugitiva, e chegou a refugiar-se na Suíça, e foi só em 1953, com 71 anos, que resolveu voltar as atividades.
Chanel em 1950
Sua estreia não foi bem aceita na Europa, mas fez muito sucesso nos Estados Unidos. Um pouco depois, começava-se a dar valor para o “tailleur”, criado por Chanel e que faz sucesso até hoje.
E foi assim que Chanel ficou reconhecida. Por sua personalidade forte, e por suas roupas que deixam as mulheres mais a vontade e bonitas. Suas roupas que eram pensadas justamente nisso, e que eram desenvolvidas diretamente no tecido e no corpo das modelos.
Gabrielle soube aproveitar todas as oportunidades que lhe foram dadas, criou uma das marcas de luxo mais desejadas e que sobreviveu até os dias de hoje, mesmo tendo criado uma marca em um dos tempos mais difíceis da economia mundial.
Temos que falar também do seu perfume, Chanel nº5, que é um dos perfumes mais vendidos e desejados do mundo inteiro. Mas isso fica para um próximo post!
Interessante
Fiquei curiosa para conhecer o que havia por trás de uma marca histórica, Gabrielle Chanel, mostra a elegância por trás da simplicidade. Wonderfull!
Que bom que gostou Maria!
Beijos e ótimo dia!