Hoje é o Dia Internacional da Mulher e para mim é um dia de reflexão, de parar e pensar em tudo o que nós mulheres somos, representamos e conquistamos. Pensando nisso, resolvi fazer uma homenagem não apenas a dois grandes nomes no mundo da moda, mas a duas grandes mulheres, fortes, visionárias, seguras de si e de suas ideias irreverentes que foram responsáveis por notórias mudanças no universo feminino do século XX, não se limitando a revolucionarem apenas o vestuário em si, mas os costumes e comportamentos sociais de uma época.

1- Gabrielle Bonheur Chanel: Mais conhecida por Coco Chanel nasceu no dia 19 de Agosto de 1883 em Saumur, na França e foi uma mulher que quebrou paradigmas, criando independência para os padrões impostos.

O homem fazia uso da sua esposa num jogo de ostentação, ou seja, uma das maneiras dele demonstrar riqueza seria através das vestimentas de sua esposa. A preocupação não era com a mulher em si, as roupas não eram criadas para elas, mas para saciar os desejos de uma sociedade machista. As roupas não proporcionavam conforto, pelo contrário, reduzia a liberdade de movimentação das mesmas, tornando-as um troféu para a sociedade.

Chanel, uma mulher astuta, percorria um caminho inverso à esse mundo de excessos, era adepta do conforto e acreditava que a simplicidade era a chave para a elegância, buscando referências no universo masculino. Assim, Coco foi a grande responsável pela libertação feminina, através da silhueta tubular, que não evidenciava os seios, cintura e quadril, além de ser antecessora no uso da calça comprida, que até então, era coisa de homem.

Também, foi responsável por criar a bolsa a tiracolo, com a intenção de deixar as mãos livres; o pretinho básico adotado por todas as mulheres; o cardigã; o jérsei; os sapatos sem saltos; entre outros, sempre evidenciando o lado do conforto e da praticidade.

No mais, foi a precursora das jóias “falsas”, através de pedras artificiais, pois, ela acreditava que as jóias deveriam ser usadas como enfeite e não como uma maneira de ostentação. Sábia, não?!?

Chanel morreu em 1971 em Paris e sem sombras de dúvidas é lembrada até os dias de hoje pela sua emancipação não apenas na moda, mas no universo feminino.

2- Diana Vreeland: Além de um grade ícone fashion, foi editora das duas maiores revistas de moda do mundo: Harper’s Bazaar e Vogue. Nasceu no dia 29 de Setembro de 1903, em Paris. Cresceu em meio a efervescência cultural da Belle Époque, depois se mudou para Nova York, às vesperas da Primeira Guerra Mundial.

Foi responsável por imortalizar a “boneca dos cílios” Twiggy, além de Veruschka, Marisa Berenson, etc.

Diana e Andy Warhol, seu grande amigo.

Autêntica, de personalidade extremamente forte, inventiva e também um pouco esnobe. Bom, segundo Costanza Pascolato: “O esnobismo é uma ótima estratégia de defesa entre frágeis e sensíveis”. E de fato, Diana possuía uma sensibilidade notoriamente encantadora! Tinha empatia e conseguia enxergar as necessidades das pessoas ao seu redor, antes delas mesmas, talvez essa tenha sido a chave de seu sucesso.

“Sei o que elas vão usar, antes de elas usarem. O que vão comer, antes de comerem. E até mesmo para onde vão, antes mesmo de o lugar existir”.

Dona de um humor ácido, Diana constantemente beirava à loucura, estava sempre a um passo (bem estreito, diga-se de passagem) do abismo. Enquanto o mundo se encontrava em meio há um dos mais insensatos momentos de hostilidade planetária com ascensão de Hitler, Diana escrevia para sua coluna chamada “Why dont’t you…” na Bazaar, conselhos improváveis, debochados e recheados de verdades incontestáveis, como:

“Por que você não pinta um mapa-mundi nas paredes do quarto de seus filhos para que eles não cresçam tendo uma visão muito provinciana de mundo?”

Diana não tinha medo de ousar, chocar, ser irreverente, ser quem ela era, sendo capaz de alterar o percurso de futilidade da Bazaar, para trilhar um trajeto de arte, comportamento, literatura e música, pois, essa sempre foi sua maneira de enxergar a moda, sob o viés artístico, descartando a ideia desta ser apenas um fenômeno estético meramente frívolo. 

Foi a primeira mulher a realizar uma produção de moda com biquíni, causando um grande alvoroço na época. E ainda, acrescentou:

“Com uma atitude dessas, vocês mantém a civilização atrasada uns mil anos”.

Quando foi demitida da Vogue, aos 70 anos de idade, tornou-se curadora do Instituto de Vestuário do Metropolitan Museum de NY, com a sua maior ascensão profissional. E chocou à todos ao dizer: “Eu tenho 70 anos, o que esperavam que eu fizesse? Me aposentar?”.

Diana morreu em 2 de Agosto de 1989, completamente cega, deixando um legado inquestionável para as mulheres.

Diana e Chanel.

Meus parabéns a todas nós, mulheres fortes, que vivemos em busca de mais respeito e menos flores, ok, aceitamos as flores e chocolates também hahaha, se vierem vinculados ao respeito que merecemos! Lembrando que, devemos sempre olhar para nós, para nosso estilo e gosto pessoal. É nítido que mudou a época, mas, ainda vivemos controladas por uma sociedade machista, resquícios de uma civilização soberana sexista e preconceituosa, no qual, os homens ditam as regras até na maneira que devemos nos vestir. Triste, mas real. Portanto, se vista para você, use o que gostar e não se deixe ludibriar.

Beijos

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Post por Nathália Biancalana
Designer de moda, canceriana, curiosa, apaixonada pela Itália e sua cultura encantadora. Amo perfumes, piquenique, gatos, cachorros e qualquer tipo de animal "irracional". Detalhista ao extremo, acredito que a beleza se encontra nos pormenores!